A Expiação Limitada: A Obra Eficaz de Cristo na Redenção dos Eleitos
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A expiação limitada é uma das doutrinas mais distintivas e debatidas do calvinismo, um dos cinco pontos conhecidos pela sigla TULIP. Esse ensino afirma que Jesus Cristo morreu especificamente pelos eleitos, ou seja, por aqueles que o Pai escolheu desde a fundação do mundo para a salvação. Embora alguns considerem essa doutrina restritiva ou difícil de compreender, ela é profundamente enraizada nas Escrituras e oferece conforto e segurança aos que creem.
A definição de expiação limitada
A expiação limitada, também chamada de redenção particular, sustenta que a obra de Cristo na cruz teve um propósito definido e específico: salvar de maneira eficaz e plena aqueles que Deus escolheu para a salvação (Efésios 1:4-5). Em contraste com a visão arminiana de expiação universal, que ensina que Cristo morreu por todos, mas a aplicação depende da resposta humana, o calvinismo afirma que a expiação foi realizada de maneira eficaz para garantir a salvação dos eleitos.
Como John Owen, teólogo puritano, argumentou: “Cristo morreu para salvar todos os homens ou apenas alguns. Se Ele morreu para salvar todos os homens, então por que alguns ainda se perdem? E se morreu apenas por alguns, qual é o propósito de sua morte pelos que não creram?”
Base bíblica para a expiação limitada
A expiação limitada está fundamentada em passagens que mostram a intenção específica de Cristo em sua morte. Em João 10:14-15, Jesus declara: “Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas.” Aqui, Cristo especifica que sua morte é pelas ovelhas, um grupo particular que ele conhece pessoalmente.
Outro texto crucial é Mateus 1:21: “Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.” A missão de Cristo não era meramente possibilitar a salvação, mas garantir que os eleitos fossem redimidos.
Isaías 53:11 também reforça essa ideia: “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; pelo seu conhecimento o justo, meu servo, justificará a muitos, e as iniquidades deles levará sobre si.” A eficácia da morte de Cristo está claramente ligada à justificação dos eleitos.
Respostas às objeções
Uma objeção comum à expiação limitada é baseada em textos como João 3:16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Os críticos argumentam que o “mundo” aqui implica cada ser humano sem exceção.
No entanto, teólogos reformados, como John Piper, explicam que o termo “mundo” frequentemente refere-se a pessoas de todas as nações, tribos e línguas, em oposição a apenas Israel (veja Apocalipse 5:9). A intenção é mostrar a amplitude do amor de Deus, não a universalidade da aplicação da expiação.
Outro ponto de objeção é que a expiação limitada parece reduzir o poder da morte de Cristo. Contudo, a doutrina não limita o poder da expiação, mas sim o seu propósito. Como Charles Spurgeon afirmou: “A expiação é suficiente para salvar um milhão de mundos, se fosse o propósito de Deus aplicá-la a todos. Mas é eficaz apenas para aqueles que são chamados.”
A eficácia da obra de Cristo
Uma das principais contribuições da expiação limitada é destacar a eficácia completa da obra de Cristo. Se Jesus morreu por todos, mas muitos ainda se perdem, isso não implicaria uma falha em sua obra? Como afirma João 6:37-39: “Todo aquele que o Pai me dá virá a mim, e o que vem a mim de modo nenhum o lançarei fora […] Esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum dos que ele me deu, mas o ressuscite no último dia.”
Essa segurança oferecida pela doutrina é uma fonte de conforto para os crentes. Cristo morreu por você, de maneira intencional e eficaz. Sua salvação está garantida, não em sua capacidade de crer, mas na obra perfeita de Jesus.
Impacto na vida cristã
A expiação limitada não é apenas uma questão teológica abstrata. Ela tem implicações práticas profundas. Saber que Cristo morreu por nós de maneira específica enche nossos corações de gratidão e humildade. Também molda nossa pregação: pregamos o evangelho universalmente porque não sabemos quem são os eleitos, mas confiamos que Deus salvará seu povo por meio da proclamação da Palavra.
Além disso, essa doutrina nos ajuda a descansar na soberania de Deus. Nossa salvação não depende de nossas obras ou decisões, mas da obra consumada de Cristo. Isso nos dá confiança de que, como Paulo declara em Filipenses 1:6, “aquele que começou a boa obra em vós há de completá-la até o dia de Cristo Jesus.”
Conclusão
A expiação limitada exalta a soberania de Deus na salvação e nos lembra que Cristo morreu para resgatar um povo específico, escolhido pelo Pai desde a eternidade. Essa doutrina não diminui o amor de Deus, mas o torna ainda mais glorioso, ao mostrar que Ele nos amou de maneira eficaz, enviando seu Filho para nos redimir. Como cristãos reformados, somos chamados a celebrar e proclamar essa verdade com reverência, sabendo que nossa redenção foi comprada pelo sangue do Cordeiro.
Que a doutrina da expiação limitada nos leve a adorar aquele que nos amou e nos deu sua vida para nos salvar: Jesus Cristo, nosso Senhor.
Artigo muito bom, interessante e explicativo.