A Páscoa é, para muitos, sinônimo de chocolates, coelhinhos e reuniões familiares. Mas para o cristão reformado, ela carrega um significado infinitamente mais profundo: é a celebração da libertação definitiva do pecado, realizada por Cristo na cruz.
Neste artigo, vamos entender o verdadeiro sentido da Páscoa à luz das Escrituras e da teologia reformada, tendo como base os princípios da fé calvinista e os ensinamentos bíblicos sobre o sacrifício de Jesus.
1. A Origem da Páscoa no Antigo Testamento
A primeira Páscoa aconteceu no Egito (Êxodo 12), quando Deus ordenou que os israelitas sacrificassem um cordeiro sem defeito e marcassem os umbrais das portas com seu sangue. O anjo do Senhor, ao ver o sangue, “passava por cima” (daí o nome “Páscoa”, do hebraico pesach) das casas dos israelitas, poupando-os da morte.
Este evento marcou a libertação do povo de Deus da escravidão egípcia. O cordeiro pascal tornou-se símbolo da salvação e da aliança de Deus com Seu povo.
2. O Cordeiro de Deus no Novo Testamento
O Novo Testamento revela que todo o ritual da Páscoa apontava para Cristo. João Batista declara: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1:29). Jesus é o verdadeiro Cordeiro pascal, sem defeito e sem mácula (1 Pedro 1:18-19), cujo sangue não apenas livra da morte física, mas traz redenção eterna.
O apóstolo Paulo escreve: “Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós” (1 Coríntios 5:7). A cruz é o novo e definitivo Êxodo, onde somos libertos não do Egito, mas da escravidão do pecado (Romanos 6:6-7).
3. O Significado da Páscoa para o Cristão Reformado
Para os cristãos reformados, a Páscoa não é apenas uma lembrança simbólica, mas uma ocasião para exaltar a soberania de Deus na salvação. A doutrina da expiação limitada, por exemplo, ensina que Cristo morreu de forma eficaz pelos eleitos (João 10:11, João 17:9), garantindo sua redenção completa.
A Páscoa aponta para a graça irresistível de Deus, que, como fez com Israel, resgata Seu povo com mão poderosa (Êxodo 6:6) e o conduz ao verdadeiro descanso. Ela também reafirma nossa esperança escatológica: assim como Israel foi liberto para servir a Deus, fomos salvos para viver para a glória de Deus (1 Coríntios 10:31).
4. Celebrando a Páscoa com Consciência Bíblica
A Páscoa cristã deve ser celebrada com reverência, gratidão e fé. Ao partilhar do pão e do cálice na Ceia do Senhor, proclamamos a morte do Senhor até que Ele venha (1 Coríntios 11:26). A Páscoa é, assim, um convite à adoração centrada em Cristo.
Devemos ensinar às próximas gerações que a Páscoa não tem a ver com tradições comerciais, mas com a obra redentora de Jesus, o Cordeiro que venceu a morte. Sua ressurreição garante a nossa!
Conclusão
A verdadeira Páscoa nos conduz à cruz, ao túmulo vazio e à certeza de que fomos libertos por um amor imerecido e eterno. Que cada Páscoa seja uma renovação de nossa fé no Cristo vivo e um lembrete de que nossa redenção foi comprada por alto preço (1 Coríntios 6:20).
Soli Deo Gloria!